terça-feira, 26 de julho de 2011

Crise: Dívida dos Estados Unidos tira o sono do mundo

País pode dar calote histórico se não fechar acordo sobre elevação de teto do déficit

   A próxima terça-feira, 2 de agosto, pode entrar para a história como dia em que os Estados Unidos, maior potência econômica do planeta, deram o seu primeiro calote, algo inimaginável há poucos meses. Isso acontecerá se o presidente americano, Barack Obama, não entrar num acordo com o Congresso para elevar o teto da dívida pública, hoje em US$ 14,3 trilhões, equivalente ao PIB de 166 países.
   O calote seria um pesadelo logístico, econômico e político. O governo dos EUA seria obrigado a lançar-se num esforço de triagem para decidir quais pagamentos se disporia a fazer e quais suspenderia.
   As consequências de uma moratória nos EUA são imprevisíveis, mas os analistas apostam num terremoto de grandes proporções que prejudicaria seriamente a já frágil recuperação norte-americana e alimentaria uma forte desconfiança em uma economia global já assustada com os problemas de dívida da Europa.
   "Entraríamos numa nova crise de proporções mundiais. Embora seja um calote teórico (os EUA têm dinheiro para honrar uma dívida maior, só que já bateram no teto permitido por lei), é um calote. Terão de escolher o que vão pagar, as agências de risco vão rebaixar a nota dos EUA, os juros da dívida irão subir e, como consequência, poderemos ter uma crise de crédito. Veríamos o título da dívida norte-americana, tido até agora como um ativo sem risco, ser rebaixado, é uma quebra de paradigma. O problema, é que, com Europa e Japão em crise, e com os emergentes ainda sem a maturidade ideal, não há um porto seguro no mundo", assinala Marcelo Mello, professor do Ibmec Rio de Janeiro.

Cortes

   Pelas contas de analistas, o governo norte-americano teria de cortar 44% dos gastos imediatamente, além dos outros que viriam na sequência. O calote afetaria tanto credores externos  quanto despesas domésticas, como o pagamento de benefícios sociais, salários de servidores.

   Na realidade, os Estados Unidos atingiram seu limite legal de endividamento público no último dia 16 de maio. Desde então, o Tesouro  vem adotando medidas temporárias, como a suspensão de investimentos em fundos de pensão públicos, para evitar que a dívida ultrapasse esse limite. No entanto, segundo o governo, essas medidas temporárias só conseguirão ter efeito até 2 de agosto.
ONJ 

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